PASSOS PARA A LIBERDADE EM CRISTO 4: AMARGURA E PERDÃO

Livrando-se das correntes da amargura através do perdão

Na “Parábola do Servo Impiedoso”, Jesus chama a nossa atenção para o fato de que a nossa dívida com Deus é algo que jamais teríamos condições de pagar (Mt 18.21-35). Assim como o servo na parábola, também nós temos nossa dívida eterna cancelada unicamente por causa da compaixão de Deus (Mt 18.27). Por amor a nós, Deus assumiu as consequências dos nossos pecados (1 Co 15.3; 1 Jo 2.2; 4.10 ver também Rm 6.23); é por causa da morte sacrificial de Jesus na cruz que nós não precisamos pagar por eles (Ef 4.32; Cl 1.21; 2.14).
Deus não agiu desta maneira por sermos merecedores do seu perdão. O apóstolo Paulo nos ensina que por natureza éramos merecedores da ira (Ef 2.3). Portanto “Deus não nos deu o que nós merecemos; ele nos deu aquilo de que precisamos, de acordo com a sua misericórdia” (Anderson. Quebrando Correntes, 2007, p. 200).
O perdão de Deus é o ponto de partida do caminho que você estará percorrendo. Entenda: nós não somos perdoados porque merecemos, mas porque Deus é misericordioso e gracioso. Por sua misericórdia Deus não nos dá o que merecemos (a condenação e o castigo); por sua graça Deus nos dá o que não merecemos (a salvação e as bênçãos). Misericórdia e graça formam a base do relacionamento de Deus para conosco. Por isso, todo aquele que
quiser andar no caminho do Senhor deve estar disposto a estender o perdão que recebeu de Deus aos outros (veja Mt 18.32-25).

Motivações para perdoar:
— O Senhor deseja que sejamos misericordiosos assim como ele o é (Lc 6.36). Devemos perdoar uns aos outros assim como Cristo nos perdoou (Ef 4.31,32).
— Satanás se aproveita de situações onde há falta de perdão para ter vantagem sobre nós (2 Co 2.10,11). Raízes de amargura contaminam e causam perturbação na igreja (Hb 12.15). Ao perdoar fechamos uma brecha que o inimigo não pode mais usar para causar estragos na comunhão da igreja.

O que é perdão?

— Perdão não é esquecimento.

  • O esquecimento pode ser o resultado do perdão, mas esquecer não significa perdoar.
  • Quando a Bíblia afirma que Deus não se lembrará mais dos nossos pecados e iniquidades (Hb 10.17), ela está se referindo ao fato de que Deus não usará mais nosso passado contra nós (Sl 103.12). Esta é a atitude que o Senhor espera de nós em relação às ofensas de outras pessoas.
    — Perdão é uma escolha, um ato de vontade.
  • Perdoar é algo que Deus requer e, por isso, ele nos dará todas as condições para fazê-
    lo. Temos dificuldade em perdoar porque esta atitude vai contra nosso senso de justiça.
    Temos dentro de nós um forte senso de vingança. No entanto, somos exortados a não buscar vingança, mas confiar na justiça de Deus (Rm 12.19). Só Deus pode lidar com aqueles que nos ofenderam de maneira justa. Nós não podemos.
  • Quando você se nega a perdoar você permanece amarrado à pessoa que lhe ofendeu.
    Até você perdoar, você permanece preso ao seu passado.
  • Guardar o rancor não resolverá o seu problema. Enquanto você guardar rancor você continuará a sofrer, e pode sofrer ainda mais do que já sofreu até então.
  • Você não perdoa alguém para o bem estar dele. Você perdoa uma pessoa não por causa dela, mas por sua causa, em primeiro lugar. Você perdoa para que você possa ficar livre.
    — Perdoar é concordar em viver com as consequências do pecado da outra pessoa
  • O perdão custa caro; pagamos pelo mal que perdoamos. Entretanto, você vai viver com as consequências, quer deseje quer não; a única coisa que você vai fazer é determinar se aguentará as consequências com a amargura da falta de perdão, ou com a libertação do perdão. Foi assim que Jesus perdoou – ele assumiu as consequências
    de seu pecado sobre si mesmo. Todo verdadeiro perdão é substituto, vicário, pois ninguém na verdade perdoa sem carregar a penalidade do pecado do outro. (Anderson. Quebrando Correntes, 2007, p. 201)
  • Decida que você levará a carga das ofensas sofridas, sem usar tais informações contra os que ofenderam você futuramente.
    — O perdão deve vir do coração.

Exercício de confissão e perdão:

a) Ore em voz alta: Querido Pai celeste, eu te agradeço pelas riquezas da tua graça, paciência, magnanimidade e bondade, pois sei que o teu amor me conduziu ao arrependimento (Rm 2.4). Confesso que não estendido a mesma paciência e bondade a outras pessoas que me ofenderam, mas ao contrário, tenho guardo amarguras e ressentimentos.
Eu oro para durante este tempo de autoexame, tu me tragas à memória somente as pessoas a quem eu não perdoei, para que eu possa perdoá-las (Mt 18.35). Também oro neste sentido: se eu ofendi a outras pessoas, peço-te que me tragas à mente somente aquelas pessoas das quais devo procurar receber perdão, e na extensão em que eu necessito
procurá-las (Mt 5.23-24). Peço-te isto no precioso nome de Jesus. Amém. (Anderson, Quebrando Correntes, 2007, p. 202).

b) Reconheça a ferida, a mágoa e/ou ódio. Não tente racionalizar ou justificar a atitude do agressor e/ou ofensor. É possível que você sinta emoções muito fortes. Isto é normal e faz parte do processo. Não evite situações complicadas por mais dolorosas que sejam.

c) Anote os nomes que virão a sua mente e a maneira como você se sentiu (rejeitado, desprezado, não amado, sujo…). Na maioria das vezes os pais estão entre os primeiros da lista. Outras pessoas e situações das quais você nem lembrava mais podem surgir. Por fim, não esqueça colocar seu nome na lista; você também precisa perdoar a si mesmo.

— Não espere ter o desejo de perdoar para perdoar.

  • O desejo de perdoar pode nunca chegar. Decida perdoar. Perdão tem a ver com a
    vontade.
  • Os sentimentos necessitam de tempo para sarar depois que a escolha de perdoar for
    feita e Satanás perder o seu lugar (Ef 4.26,27). Você vai ganhar liberdade das amarras
    que o prendiam. Este é o primeiro passo do processo, sem o qual a cura seria impossível.
    Sentimentos positivos virão com o tempo. O mais importante agora é libertar-se
    do passado.

d) Para cada pessoa em sua lista, diga: “Senhor, eu perdoo (mencione o nome) por (mencione
a ofensa. Exemplos: ofensa, calúnia, assédio, injustiça, rejeição, abuso, maldição,
trapaças, etc)”.

  • Não diga: “Senhor, ajuda-me a perdoar”, porque ele já está ajudando. Nunca diga:
    “Senhor, eu desejo perdoar”, porque você estará contornando a decisão dificílima de
    perdoar, que é de sua responsabilidade pessoal. (Anderson, 2007, pág. 203)

e) Ore:
Senhor, eu libero cada uma das seguintes pessoas (mencione os nomes) da dívida que
tem para comigo. Tomo a decisão de não guardar mais amargura, ressentimento, rancor,
ira ou ódio em meu coração. Peço que tu cures as minhas emoções. Em nome de Jesus.
Amém.

f) No encontro com o seu parceiro compartilhe como foi a sua experiência. Orem um pelo
outro a fim de que haja total e plena restauração. (Questões mais delicadas podem precisar
de um acompanhamento específico).