PASSOS PARA A LIBERDADE EM CRISTO 6: ORGULHO E HUMILDADE

Uma atitude correta diante de Deus e das pessoas

O orgulho pode ser entendido de duas maneiras: uma positiva e outra negativa. O orgulho positivo tem a ver com amor próprio, apreço e reconhecimento. Este é o orgulho que podemos sentir de nossos filhos ou pais quando são bons em alguma área, por exemplo.
O orgulho negativo está relacionado à soberba, à arrogância e à altivez. Ele se manifesta quando nos achamos melhores do que os outros, diminuímos o valor de outra pessoa, nos colocamos em uma posição superior. Muitas vezes ele é acompanhado por atitudes arrogantes.
É sobre este orgulho negativo, altamente nocivo para nossa alma, que estaremos tratando aqui.
Veja o que podemos aprender sobre os perigos do orgulho, ou soberba, com o livro de provérbios. Neste livro a queda, o fracasso e o escândalo estão associados ao orgulho (texto retirado da revista Ultimado – Edição 333):

– Deus zomba dos que zombam dele e ajuda os humildes (3.34, NTLH).
– Eu odeio o orgulho e a falta de modéstia (8.13, NTLH).
– Quando vem o orgulho, chega a desgraça, mas a sabedoria está com os humildes (11.2, NVI).
– Brigas e discussões são provocadas pelo orgulho, mas as pessoas humildes aceitam conselhos e se tornam sábias (13.10, NBV).
– O Senhor detesta todos os orgulhosos; eles não escaparão do castigo, de jeito nenhum (16.5, NTLH).
– A desgraça está a um passo do orgulho: logo depois da vaidade vem a queda (16.18, NBV).
– Mais vale ter um espírito humilde e estar junto dos oprimidos do que partilhar das riquezas dos orgulhosos (16.19, NBV).
– Quem vive se gabando está correndo para a desgraça (17.19, NTLH).
– Antes de sua queda o coração do homem se envaidece, mas a humildade antecede a honra (18.12, NVI).
– Os maus são dominados pelo orgulho e pela vaidade, e isso é pecado (21.4, NTLH).
– Você quer saber o que há no coração de um homem que vive zombando de tudo e de todos?
Orgulho, convencimento, ódio e atrevimento (21.24, NBV).
– Para conseguir riqueza, respeito dos homens e uma vida feliz, você precisa ser humilde e temer o Senhor (22.4, NBV).
– Não se engrandeça na presença do rei, e não reivindique lugar entre os homens importantes; é melhor que o rei lhe diga: “Suba para cá!”, do que ter que humilhá-lo diante de uma autoridade (25.6-7, NVI).
– O homem é derrotado pelo seu orgulho, mas o de espírito humilde será respeitado (29.23, NBV).

A humildade é o antônimo do orgulho. A humildade é fundamental para o cristão por dois grandes motivos. Um diz respeito ao nosso relacionamento com Deus, o outro diz respeito ao nosso relacionamento com as outras pessoas.

1) Humildade diante Deus

Em primeiro lugar a humildade é fundamental porque sem ela é impossível reconhecermos que somos pecadores, necessitados da graça de Deus para sermos perdoados, salvos e transformados. Esta compreensão está implícita neste trecho da carta de Tiago:

Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus. Ou vocês acham que é sem razão que a Escritura diz que o Espírito que ele fez habitar em nós tem fortes ciúmes? Mas ele nos concede graça maior. Por isso diz a Escritura: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”. Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração. Entristeçam-se, lamentem-se e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará. (Tg 4.4-10) Tiago é claro ao afirmar que o conflito espiritual experimentado pela igreja deveria ser solucionado mediante a sujeição a Deus, o que constitui essencialmente um ato de humildade.
Tiago certamente não está nos incentivando a cultivar uma cultura de autodepreciação, mas a reconhecer que Deus é quem nos salva, liberta e resgata, e quem deve reinar.

Nós cristãos não temos nenhuma confiança em nossa “carne” (Fp 3.3). O resultado final de nossa humilhação perante o Senhor será a nossa exaltação (Tg 4.10). O nosso orgulho nos incita a assumir o trono de nossas vidas novamente. Ele nos diz que nós podemos “tocar nossa vida” por nossa própria conta. Ao acolher o orgulho fortalecemos nosso egoísmo e o egocentrismo, e acabamos muito ocupados com a manutenção da nossa própria imagem. O orgulho quer nos fazer parecer grandes e autossuficientes e, por isso, flerta tanto com a vaidade.    Satanás trabalha duro para que nós possamos acolher o pensamento de que podemos ser como Deus (Gn 3.4,5).

2) Humildes diante das outras pessoas

Além de ser um grande problema no relacionamento com Deus, o orgulho também gera muitos conflitos entre as pessoas. Tiago nos mostra o problema causado por uma pessoa que se orgulhava de sua sabedoria, mas não era humilde em seus relacionamentos (Tg 3.13-4.3). O orgulho é um dos elementos que mais causam conflitos dentro da igreja. A vontade de Deus é que sejamos humildes (Jó 5.11; Ez 21.26; Mt 23.12; Ef 4.2; Fp 2.3-8; 1 Pe 3.8; 5.5).            A humildade nos capacita a respeitar e valorizar os outros, buscando o bem do outro antes do meu próprio bem    (Rm 12.10). Jesus é o nosso referencial supremo de humildade. Ele nos chama para que aprendamos com ele a ser humildes de coração (Mt 11.29). Tendo a atitude de Cristo em mente Paulo escreve: Se por estarmos em Cristo nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! (Fp 2.1-8)

Peça ao Senhor para que ele lhe mostre se você tem nutrido o pecado do orgulho em seu coração. Abaixo está uma lista com algumas das manifestações mais comuns associadas ao orgulho. Verifique se você se identifica com alguma delas e confesse ao Senhor:

– Manifestações de orgulho (soberba)
– Permitir que a minha vontade prevaleça em relação à vontade de Deus.
– Depender mais das minhas forças, recursos e habilidades do que de Deus.
– Julgar com frequência que as minhas ideias e opiniões são superiores às dos outros.
– Achar que as pregações nunca dizem respeito a mim ou que raramente têm algo a me ensinar.                                       – Manipular a atenção das pessoas para que me notem.
– Preocupar-me em controlar os outros e me esquecer de desenvolver domínio próprio.
– Fazer manobras para receber aprovação, mesmo que isso signifique a perda da minha identidade.
– Considerar-me mais importante que os outros, mesmo que ocasionalmente.
– Tender a pensar que não tenho necessidade de coisa alguma.
– Dificuldade em admitir meus erros.
– Inclinação em agradar mais as pessoas do que a Deus.
– Preocupar-me demais em receber o crédito que me é devido.
– Alimentar o interesse em obter o reconhecimento que vem de títulos e posições.
– Frequentemente acreditar que sou mais humilde ou espiritual que os outros.

Reflita
– Você tem uma sensação de exaltação em vista de seus sucessos, devido a sua posição, formação, boa aparência, dons ou talentos naturais?
– Você tem um espírito arrogante e independente?
– Você sente uma necessidade secreta de ser notado, de chamar atenção para si mesmo em quando em conversas? Você tem sede de poder?
– Você sente orgulho depois de falar em público?
– Você tem um espírito facilmente ofendido, disposição de se ressentir e retaliar quando
desaprovado ou desafiado?
– Você tem desejo de revidar machucando, de “por pra quebrar” ou outras atitudes semelhantes?

Exercício de confissão
“Senhor, confesso que me deixei dominar pelo orgulho quando _____________________.
Reconheço que nestas situações assumi novamente o controle da minha vida, confiando mais em mim do que no Senhor. Decido humilhar-me debaixo da tua mão e colocar em ti toda a minha confiança. Agora que confessei estes pecados ao Senhor, recebo o teu perdão e passo a zelar por um viver humilde diante do Senhor e das outras pessoas. Amém”.

Caso você queira aprofundar-se na compreensão das diversas faces do orgulho você será muito enriquecido com as seguintes leituras:

– “A Vida do Artista: Esperança nas relações entre o artista e a igreja” de Rory Noland. W4 Editora, 2009. Capítulo Sete: Lidando com os seus pertences.

– Revista Ultimato. Edição 333. Novembro-Dezembro 2011.